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Publicado em 15 de dezembro de 2025
Jornal Contábil

Quando o negócio não é totalmente seu: como a contabilidade consultiva reduz riscos em franquias, licenças e modelos dependentes

Empreender nunca foi tão acessível quanto hoje. Em vez de criar uma empresa do zero, muitos profissionais têm optado por iniciar no empreendedorismo por meio de modelos prontos: franquias, licenças de marca, vinculação a métodos de profissionais renomados no segmento ou negócios estruturados em plataformas digitais e sistemas de tecnologia desenvolvidos por terceiros. São formatos que prometem entrada rápida no mercado, suporte operacional e a segurança de iniciar um negócio já testado.

No entanto, entre o entusiasmo da oportunidade e a prática diária da gestão, existe uma característica desses modelos que costuma ser subestimada por quem está prestes a investir: parte essencial da estrutura do negócio estará fora do controle do empreendedor. Trata-se de um componente de dependência que, embora natural nesses formatos, altera completamente a forma como o risco deve ser avaliado. Com a Reforma Tributária pressionando margens e exigindo revisão de preços, compreender esses fatores deixou de ser diferencial e passou a ser questão de sobrevivência. É sob essa perspectiva que a contabilidade consultiva precisa atuar.

 

O modelo pode ser promissor, mas funciona em outra lógica

Nenhum dos formatos mencionados é, por si só, inadequado. Pelo contrário, franquias e licenças ampliaram o acesso ao empreendedorismo, plataformas reduziram barreiras tecnológicas e métodos proprietários democratizaram modelos que antes exigiam anos de desenvolvimento.

O que muda é a lógica de funcionamento. O empreendedor opera a empresa, lidera a equipe, se relaciona com os clientes e toma as decisões cotidianas. Porém, os elementos que viabilizam o modelo, como marca, tecnologia, metodologia, regras operacionais, sistemas de gestão, canal de vendas ou até mesmo o posicionamento de mercado, pertencem a outra organização.

Isso significa que o empreendedor controla a execução, mas não controla todas as variáveis que determinam a continuidade da operação. Essa realidade raramente aparece no discurso de vendas e tampouco no entusiasmo da inauguração. Ela se revela quando ocorre uma ruptura, como uma mudança contratual, uma atualização de regras, um conflito de território, uma alteração de plataforma ou uma decisão estratégica tomada por quem detém a marca ou o método.

Modelos dependentes funcionam de maneira eficiente enquanto a relação permanece equilibrada. Quando esse equilíbrio se altera, o risco se materializa.

 

A sensação de autonomia pode mascarar o risco estrutural

Com a operação a pleno vapor, é natural que o empresário se sinta no controle. Ele observa o crescimento da equipe, identifica os clientes mais fiéis, acompanha a consolidação da receita e percebe a operação funcionando com fluidez. Essa percepção diária cria a sensação de que o negócio está inteiramente sob sua gestão.

Entretanto, essa percepção não revela o quadro completo. Existe uma camada invisível e decisiva que permanece sob controle de terceiros. O empresário não decide sobre a marca que utiliza, nem sobre as regras que definem seu uso. Não controla a tecnologia que organiza a experiência do cliente nem determina as diretrizes do método aplicado. Em muitos casos, sequer controla o canal de aquisição de novos clientes.

É na ruptura que essa dependência deixa de ser um conceito abstrato e se torna impacto concreto. Uma alteração de contrato, o reposicionamento da franqueadora, uma atualização de software que exige novos custos, a revisão de valores da plataforma ou a necessidade de reinvestimento para atender a padrões atualizados são ações tomadas fora da operação, mas que influenciam diretamente o caixa, a previsibilidade e a sustentabilidade do negócio.

 

Quando a dependência se transforma em impacto financeiro

Quando um modelo dependente sofre interrupção ou mudança brusca, o efeito é sentido em cadeia. A primeira variável afetada é a receita. O fluxo, antes previsível, pode diminuir de forma abrupta. Para empresas com margem apertada ou com custos fixos elevados, essa oscilação não é um detalhe. É uma ameaça real à continuidade.

Ao mesmo tempo, os custos permanecem. O aluguel do ponto comercial continua vencendo, a folha salarial exige pagamento e os contratos operacionais não desaparecem. O empresário se vê em um cenário em que a receita diminui ou é totalmente interrompida, enquanto as obrigações permanecem. Essa combinação pressiona imediatamente a liquidez do negócio.

Outro ponto sensível é a relação com os clientes. Em muitos modelos, a carteira não pertence integralmente ao operador, sendo compartilhada com a marca ou com a plataforma. Em situações de ruptura, é comum que esses clientes sejam direcionados a outras unidades, operações ou prestadores, deixando o empreendedor sem a base que sustentava seu faturamento.

Somam-se a isso eventuais passivos trabalhistas, custos de rescisão contratual, perda do investimento inicial em estrutura e a necessidade de reorganização acelerada. Todos esses efeitos demonstram porque modelos dependentes exigem uma análise financeira mais profunda antes do ingresso, algo que tradicionalmente falta no processo de tomada de decisão.

 

Onde a contabilidade consultiva se torna decisiva

Ao contrário da contabilidade tradicional, que se concentra nos fatos já ocorridos, a contabilidade consultiva se posiciona antes dos fatos, avaliando cenários, riscos e a viabilidade econômica de uma decisão que ainda será tomada.

No caso de modelos dependentes, o papel do contador é duplo. Primeiro, compreender a estrutura financeira do modelo. Depois, projetar o impacto de possíveis mudanças, inclusive rupturas.

O primeiro passo consiste em decifrar como o modelo realmente se sustenta. É comum que materiais comerciais apresentem projeções otimistas, mas cabe ao contador confrontar essas projeções com custos, taxas, repasses, margem operacional e ponto de equilíbrio. Em muitas situações, a rentabilidade depende de volumes de venda difíceis de alcançar ou de custos que não aparecem com clareza no início.

Em seguida, vem a avaliação de sensibilidade. É necessário responder a perguntas que costumam ser ignoradas no entusiasmo da negociação. Quanto o negócio suporta uma mudança nas regras? Como uma revisão contratual afeta o fluxo de caixa? Até que ponto a operação depende de atualizações tecnológicas que exigirão reinvestimento? Qual é a margem de segurança caso a receita oscile?

Por fim, há a simulação de cenários de ruptura. A contabilidade consultiva projeta, por exemplo, o que ocorreria se a operação fosse temporariamente inviável, se a plataforma alterasse suas taxas, se o método passasse por reformulação ou se a franqueadora reestruturasse sua rede. Esse teste de estresse financeiro revela a capacidade de sobrevivência da empresa diante de variáveis adversas.

Trata-se de uma análise técnica e, ao mesmo tempo, profundamente estratégica. Não busca garantias absolutas, porque elas não existem. Busca preparação e clareza sobre riscos e retorno possível.

 

Decidir com técnica, não apenas com entusiasmo

Depois da análise consultiva, a tomada de decisão passa a considerar toda a estrutura do modelo. O empreendedor compreende quanto depende de fatores externos, quais pontos exigem maior cautela e em quais cenários sua margem pode ser comprimida.

Essa maturidade reduz decisões impulsionadas por emoção, como investir apenas pela afinidade com a marca ou pelo entusiasmo em relação ao método utilizado. Permite decisões mais estratégicas e alinhadas à realidade do negócio. Em muitos casos, a análise confirma que o modelo é sólido e compatível com o perfil e os objetivos do empreendedor. Em outros, a análise revela que o retorno depende de condições improváveis ou que o risco supera a capacidade de absorção da empresa.

Decisão consciente é aquela que considera potenciais ganhos, mas também a capacidade de enfrentar perdas.

 

A Reforma Tributária coloca mais pressão sobre esses modelos

A transição da Reforma Tributária não afeta apenas empresas tradicionais. Modelos dependentes também sentirão seus efeitos, especialmente porque muitos já operam com margens ajustadas. O aumento da carga efetiva em determinados setores pode pressionar a operação e exigir reajustes de preço, renegociação de taxas ou revisão do modelo de negócio.

Em um cenário assim, qualquer fragilidade estrutural se torna mais visível. Uma taxa que antes era absorvida passa a pesar no resultado. Um contrato que parecia equilibrado passa a requerer reavaliação. Empresas altamente dependentes de decisões externas podem enfrentar maior instabilidade na combinação de custos, tributos e repasses.

Ambientes em transformação exigem mais resiliência estrutural. Essa resiliência precisa ser medida antes do investimento. A contabilidade consultiva, nesse contexto, deixa de ser complemento e passa a ser ferramenta essencial.

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